Estávamos num concerto, o sítio mais ousado para se estar. No meio de tanta gente nunca esperaríamos que tal se fosse suceder. Num sítio sem muita confusão e aspiração para conflito, estava eu e ela, a conversar e a ouvir as músicas como som de fundo, foi então que ela desapareceu, desculpando-se com uma ida à casa de banho, mas eu reconheci-o, num só olhar.
Lembrei-me das histórias anteriormente ouvidas em tardes com ela, antes do presente. As mensagens de engate excessivo, audácia e desejo nas palavras ditas e escritas e, como um estalar de dedos ou menos um suspiro, o repentino empurrar para trás, devido à relação dele. Lavada em lágrimas contava-me isto, o sentimento de culpa, de ter sido usada e de ódio, nela se notavam. Na altura nunca acreditaria que ela voltasse, nem ele. Por ele, ela volta sempre atrás e, num instante, volta tudo ao mesmo. Mensagens, desejo, dar para trás, e o ódio. Nada disto faria sentido se não fosse ela o que é. Uma mulher, jovem de mente ainda verde.
O nome, não o sei, mas conheço-o como a palma da minha mão. Sei que após estes momentos que agora estão a ocorrer, por mais maravilhosos e exclusivos que lhe pareçam, ele estalará os dedos e voltará para a outra, e ela para mim. Aí, fingirei que de nada me apercebi, que as histórias outrora contadas se varreram da minha jovem memória, e que, o rosto triste e marcado pela saudade será apenas um rosto mal iluminado. E, então, voltarei a abraçá-la e continuarei a ama-la.
